Um problema que está esta deixando professores e equipe pedagógica alarmados dentro das escolas públicas é a incapacidade de alunos do fundamental 2, de interpretação e escrita dos textos.
Na escola de Campinas, nós bolsistas do PIBID-UFOP convivemos com esta realidade, em conversa na sala dos professores uma docente desabafa: “Não consegui dormir esta noite, como vou trabalhar com os meninos do 6º ano?”. É um problema detectado por todos os professores, sendo leitura e interpretação, a base para compreensão de qualquer conteúdo.
A professora orientadora Márcia Lana, relata a frustração de preparar uma sequencia didática e os alunos não conseguirem correlacionar o ensinado com os exercícios. Ela nos solicitou ajuda para incentivar os discentes à leitura, para tal, fizemos uma pesquisa no acervo de revistas Ciência Hoje das Crianças, contido na biblioteca da escola de Campinas. Os textos separados serão estudados durante as aulas de biologia.
Revista Ciência Hoje das Crianças.
Para maiores esclarecimentos a respeito desta mazela dentro das instituições públicas de ensino, a professora de português Marta Célia Cosme, que trabalha há 22 anos com fundamental 2 e ensino médio na rede estadual, nos concedeu a seguinte entrevista:
(Bolsista)-Como a leitura pode auxiliar o aluno do fundamental 2 no processo de recuperação de uma defasagem vinda das séries iniciais?
(Professora Marta) –Se ela for atrativa para ele, ajudará a mantê-lo interessado, abrindo oportunidade para se perceber onde está a defasagem e trabalhá-la. O aluno do fundamental 2 já é pré-adolescente, ele cria uma barreira enorme, tem vergonha... Mas quando o professor o envolve com a leitura,instigando sua curiosidade, ela torna-se um ótimo instrumento de trabalho.
(Bolsista) - A escola em que você leciona, possui projetos que incentivam os alunos a leitura?
(Professora Marta) - Sim, no fundamental 1 e 2, eles leem livros durante o ano e fazem resenha constituindo um portfólio. No final do ano montamos uma banca para análise dos três melhores portfólios. Não é uma atividade obrigatória, mas muitos alunos participam. Já no ensino médio, selecionamos textos e reservamos um dia, por exemplo, terça-feira no segundo horário, todas as turmas leem o mesmo texto, independentemente se o horário for de português, física, biologia...
(Bolsista)-Você percebeu progresso dos alunos depois da implementação destes projetos?
(Professora Marta)-Sim. Na oralidade, interpretação, ortografia, articulação de ideias e a capacidade fazer inferências, ou seja, perceber as relações implícitas do texto.
(Bolsista)-Na sua opinião, por que os alunos chegam ao fundamental 2 com tanta dificuldades de leitura? Como este quadro pode ser revertido?
(Professora Marta)-Na maioria dos casos, este problema tem início nas séries iniciais e continuam ao longo da vida escolar do aluno, porque eles são promovidos mesmo não atendendo os pré-requisitos para a próxima série. Para a mudança deste quadro, seria necessário ações permanentes de alfabetizadoras e pedagogas, promovendo constantes intervenções pedagógicas, para que nenhum alunos saísse do fundamental 2 sem a capacidade de ler e interpretar.
Marta Célia Cosme, professora regente de Lingua Portuguesa há 22 anos, na rede estadual.
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